No 176 - Ano XIV - Setembro de 2010


Sheila Aquino e Marcio Alexandre - 3º lugar em Tango Cenário no 2º Brasil Tango Championship (2010)

EspiriTANGO

Sempre o Tango, evoluindo para uma forma ideal ou para continuar criando as mil e uma facetas que o politeísam.

Um invierno porteño nunca deixará de trazer infinitas coreografias,  nem permitirá manter uma só visão do seu todo implacável; nunca deixará de estar milongueando en el 40,  não cessará de trazer as múltiplas quejas de bandoneon’ e, especialmente no salão, não deixará de trazer curtametragens nos horizontes paralelos ao ombro do parceiro.

Tango que não se deixará transcender do elemento terra, porém, poderá transitar entre o fogo dos compassos febris, entre a água que permeia os narcopentagramas e no ar que respiram as colcheias e fusas nos vislumbrados tanguetos das nossas almas.

  (A.D.R.)

 

 

Cantemos

(Tango)

Música e Letra:  Juan José Guichandut

Duendes que rondan su ronda sin fin.

Duendes que rondan en torno de mí.

Duendes, constantes reproches,

que noche tras noche acosan mi vida.

¡Pobre vida!

Horas felices que no volverán;

gloria de un amor lejano que, en vano, quiero olvidar.

 

Yo te soñé, yo te busqué por todos los caminos

y cuando te hallé, con tu amor,

calmé mi sed de errante peregrino.

Después, he sido yo, tan sólo yo,

quien destrozó cruelmente nuestras vidas.

Y hoy lloro tu amor,

porque yo, sin tu cariño, nada, ¡nada soy!

Orquestra de Domingo Federico, canta Carlos Vidal

 

Assim se tece a história

 

Cantor, seu nome verdadeiro era Luis Vidal.  Nasceu em 3 de agosto de 1926.  Apareceu num momento de grandes cantores que modificaram o clássico esquema em que prevalecia o nome do maestro.  Assim surgiram as duplas Troilo-Fiorentino, D'Agostino-Vargas, Tanturi-Castillo, D'Arienzo-Echagüe, Di Sarli-Rufino, Caló-Berón, entre outros.  Não obstante, destacou-se porque foi diferente, não apenas pelo estilo original, mas também pela execução de cada nota, na qual os sons da linha musical sucedem-se ininterruptamente.

Sua vocação artística despertou quando cursava o secundário.  Seus pais, ao notar suas qualidades, o levaram para um teste num programa radiofônico, no qual foi aprovado.  Em 1944 ocorre algo fundamental em sua carreira: a orquestra do maestro Domingo Federico inicia uma série de gravações para a RCA-Victor com o cantor Ignacio Díaz que, adoecendo, abandona a orquestra.  Na ocasião com 18 anos, Vidal é apresentado a Federico, que o escuta e incorpora a sua orquestra.  Grava o primeiro disco com o tango Y así nació este tango, que tinha do outro lado um tema que impulsionaria ao sucesso não só o cantor como também o maestro e compositor.  Tratava-se de Yuyo verde, com versos de Homero Expósito, uma das obras mais transcendentes da dupla autoral que já se havia consagrado com o tango Percal.

Vidal consegue com Federico uma união perfeita que originou uma grande aceitação popular tanto em suas apresentações como na venda de discos.  Entre suas gravações, destacamos o tango Yo, de Juan José Guichandut, uma verdadeira obra de arte.

Em meados de 1949, desvincula-se da orquestra de Federico e passa a integrar a de Alberto Mancione, com quem debuta na Radio El Mundo.  Em pouco tempo, é contratado como solista na mesma emissora, acompanhado pela orquestra de Argentino Galván.  Após uma breve estadia na orquestra de Roberto Caló, afasta-se das atuações profissionais para se casar, formar família e cumprir funções burocráticas.

De 1956 a 1966 grava vários tangos, com atuações esporádicas, em distintas formações e, na década de '70, participava de algumas temporadas num restaurante, acompanhado pelo trio de Alberto Mancione.  A partir de 1980, começa a padecer de problemas coronários e falece aos 54 anos. 

Fonte:  Abel Palermo, para Todo Tango, trad. RM