No 105 - Ano VIII - Setembro de 2004


"Bailando" por Ricardo Carpani

Qual o seu paradoxo?

A procura de um Tango aprazível é provável que obedeça a duas injunções contraditórias.

Uma é a sabedoria da miopia que mergulha no presente, satisfeita de dançar o que dançamos e obter o conhecido de sempre.

Outra, é a sabedoria da hipermetropia que formula projetos e não se contenta com o estágio habitual.

Vejamos que, de um lado, temos a filosofia do carpe diem, que é o convite a viver cada compasso como o último... já do outro lado, a esperança do melhor é usufruir plenamente das milongas que acontecem - é a dica certa.

Venham!

 (A.D.R.)

 

Cantemos

         

(Tango)

Música: Eduardo Bianco / Mario Melfi                                                        Letra: Mario Melfi / Eduardo Bianco

Cuando las flores de tu rosal

vuelvan más bellas a florecer,

recordarás mi querer

y has de saber

todo mi intenso mal...

De aquel poema embriagador

ya nada queda entre los dos.

¡Con mi triste adiós

sentirás la emoción

de mi dolor!...

 

Assim se tece a história

Nasceu em San Cristóbal, Buenos Aires, a 5 de agosto de 1905 e faleceu em Arcachón (França) em 21 de setembro de 1970.  Seu nome completo era Antonio Mario Melfi.   Músico, bandoneonista, compositor e maestro, viajou para a Espanha em 1923 integrando o conjunto típico “Los de la Raza”, com os irmãos Navarrine, Horacio Pettorossi, Alba, Ferrer, Bachicha, Chapela, etc.  Naquele tempo tocava bateria e contrabaio, estudando com Bachicha durante a viagem.

Anos mais tarde, é chamado, junto com Bachicha, por Eduardo Bianco, de Paris, enraizando-se para sempre na capital francesa em nome do tango.

As orquestras Bianco-Bachicha, Bachicha-Ferrazano e Eduardo Bianco contaram com sua participação até formar sua própria, para atuar nas principais cidades da França, Suiça, Itália, Espanha e outros países com o título "La Nuit Du tangó" (A Noite do Tango), em cabarés, bailes, rádio, televisão, etc.  Gravou na Odeón, Typyc, Columbia e Victor.

Todas suas músicas foram compostas em Paris, sua residência habitual, sendo os tangos Paso lento, Piedad e La perrera as primeiras, para continuar com outras do mesmo ritmo:  Recordando, Se va la vida, Volvé muchacha, La chueca, Pastoreo, Decíme que sí, El mulatón, Garde-moi, Negra, Poema, Tiernamente, El refalón, La barranca, ¿Por qué mentir?, ¿Te amé?, La noche extiende su velo, Mi rancho... adiós, Viens, Sentimiento, e entre muitos outros, o sucesso internacional Remembranzas, com versos de Mario Battistella, obra que eterniza seu nome.  Encontrou-se pela primeira vez com Gardel na Espanha, quando este cantava em dueto com Razzano no teatro Apolo de Madrid, anos 1923-24.  Cantou seus tangos “Se va la vida”, “Volvé muchacha”.  Quando partiu para Nova Iorque, Gardel disse: “Quando voltar a Paris te gravarei “Poema” e, creia, será uma gravação que te deixará mudo!”, mas infelizmente não viveu para cumprir a promessa. 

Fonte:  Todo Tango (Internet) – Trad. RM