Nº 57 - Ano V - Setembro de 2000
Paulo Araujo e Laure Quiquempois

O tango tem uma virtude, da qual não encontrei qualquer menção: o desparramento do amor, de uma forma alheia a outros gêneros musicais.

A auto-exposição ao sofrimento, a falta de pudor ao relatar tesão, prazer, dor e a amargura não tem parâmetro em qualquer outra música.

Isto nos leva a uma constatação: em todas as partes da terra a emoção do amor é a mesma. Os seres humanos de qualquer latitude ou longitude sofrem igualmente com as penas do amor.

A diferença é que alguns povos - e sua arte - ficam contidos. O tango não, vai em frente e se desnuda por inteiro.

Hélio de Almeida Fernandes

 

Cantemos...

(Tango - 1940)

 

Letra:   Mario Battistella                                                                                              Música:   Mario Melfi

 

Cómo son largas las semanas cuando no estás cerca de mí.

No sé que fuerza sobrehumana me da valor lejos de ti.

Muerta la luz de mi esperanza soy como un náufrago en el mar,

sé que me pierdo en lontananza mas no me puedo resignar.

 

Ay !... qué triste es recordar, después de tanto amar, esa dicha que pasó, 

flor de una ilusión, nuestra pasión se marchitó...

Ay !... olvidas mi desdén, retorna, dulce bien, a nuestro amor, 

y volverá a florecer nuestro querer como aquella flor.

 

 

Assim se tece a história

 

Letrista e autor teatral, italiano de Monforte, nos arredores de Verona.   Debutou como autor teatral com a revista "Do-Re-Mi-Fa-So-La-Si", em 1922.   Seu primeiro tango foi Pinta brava.   Escreveu com colaboração de Alfredo Le Pera as letras de Melodía de arrabal, Me da pena confesarlo e Cuando tu no estás.   São também de sua autoria Al pie de la Santa Cruz, Estudiante, etc.   Muitos de seus tangos foram gravados por Carlos Gardel, como Sueño querido, Medallita de la suerte, Desdén, etc.   É autor de No aflojés com música de Pedro Maffia; de Remembranzas com Mario Melfi e de Pal'Nene com Edmundo Rivero.   Para este último, escreveu especialmente o tango Bronca: Por seguir a mi conciencia,/estoy bien en la palmera,/sin un mango en la cartera/ y com fama de chabón...   Foi proibido na época da ditadura, mas sem dúvida seu tema mais reconhecido foi Cuartito azul, estreado em 1938 com música de Mariano Mores.   Battistella nasceu em 1893 e faleceu no dia 10 de outubro de 1970.

(Trad. RM)