No 165 - Ano XIII - Outubro de 2009


 

 (...) Não será raro encontrar histórias passionais para além do baile. Não será raro encontrar desenganos.  Não será raro encontrar histórias de amor que perduram.  Não será raro encontrar homens e mulheres que se apaixonam perdidamente e que não são correspondidos.  Não será raro encontrar homens e mulheres que se aproveitam das fragilidades do outro para os seus próprios interesses. Não será raro encontrar “machismo” tanto em homens como em mulheres.

Para além destas e de tantas outras polêmicas em torno do Tango, quem dança encontra sempre razões e encantos, que, frequentemente, tornam o Tango viciante.

Quando, na “milonga” e no final da tanda, o homem e a mulher se cumprimentam mutuamente, estão na realidade a expressar o prazer que tiveram, num espírito claro de igualdade perante o TANGO (...)

 (Trechos de artigo publicado na revista

B.A.Gotan VOL.1 Nº.3 – 1965 – trad. RM) 

Cantemos

  (Vals)

Letra:   Horacio Sanguinetti                                            Música:  Roberto Rufino

 

Las manos que yo quiero, las manos que venero,

no son color de rosa ni tienen palidez.

Sus dedos no parecen diez gemas nacaradas,

tampoco están pintadas ni tienen altivez.

Son manos arrugadas, tal vez las más humildes

y están cual hojas secas de tanto trabajar.

Son estas manos santas las manos de mi madre,

aquellas que me dieron con todo amor el pan.

 

Las manos que yo quiero, las manos de mi madre,

ligeras como aves volando siempre van.

Las manos de mi madre por ágiles dichosas,

si no hacen siempre algo tranquilas nunca están.

Por rústicas y viejas, ¡qué bellas son sus manos!

Lavando tanta ropa, cortando tanto pan.

Corriendo por la casa, la mesa acariciando,

buscando en el descanso la aguja y el dedal.

 

Las manos que trajeron la lámpara a mi cuarto,

tapándome la espalda en el invierno cruel.

Que cuando estuve triste mis lágrimas secaron,

que cuando estuve enfermo, acariciándome.

¡Oh, manos adoradas! ¡Oh, manos llenas de alma!

En ellas yo quisiera mi frente refugiar,

y tristemente digo: ¡qué lejos que se encuentran,

qué lejos de mi angustia y de mi soledad!

Orquesta Ismael Spitalnik - Canta: Aldo Calderón
24/10/1952 Buenos Aires - RCA-Victor

 

 

Assim se tece a história

 

Nasceu em em Buenos Aires a 6 de janeiro de 1922 no bairro de Abasto.  Herdou de seu pai a paixão pela música e passava as tardes no quintal de sua casa cantarolando os tangos que ele dedilhava no violão.  Com apenas treze anos teve que enfrentar duas grandes perdas: no mesmo ano: seu pai e o ídolo Carlos Gardel.  No ano seguinte, em 1936, debutou profissionalmente como vocalista.  Passou por várias orquestras e conjuntos, antes que se desse o momento crucial  para sua carreira - em 1938, um representante do Di Sarli o ouviu cantar Milonguero viejo e, maravilhado, comunicou ao maestro, o que resultou em sua imediata incorporação à sua orquestra. 

Em 1939 gravou o tango Corazón de Di Sarli e Marcó.  O sucesso veio em seguida e chegou a gravar com "El Señor del Tango" quarenta e seis obras nos cinco anos que esteve sob sua batuta. Entretanto, teve dois intevalos com outras, de 1941 a 1944, quando lançou-se como solista na rádio Belgrano e gravou dois discos, ganhando o apelido de "El actor del Tango", até que se integra à orquestra Francini-Pontier.  En 1950, "Terremoto" (outro de seus apelidos) canta e grava na orquestra de Miguel Caló.  Seu temperamento o leva novamente a trocar de orquestra, e integra a de Leopoldo Federico, porém essa mudança dura poucos meses.  Entre 1957 e 1960, retorna à orquestra de Armando Pontier, da qual se desvincula em 1963 para cumprir seu desejo de cantar com Anibal Troilo.  É  autor de numerosas obras, como Muchachos, arranquemos para el centro, Eras como la flor, ¡Cómo nos cambia la vida!, ¡Calla!, ¡Destino de flor!, Dejame vivir mi vida, La novia del suburbio, Soñemos, Tabaco rubio, El clavelito, No hablen mal de las mujeres, Los largos del pibe, En el lago azul, Carpeta, El bazar de los juguetes, La calle del pecado, Julián Tango, Manos  adoradas, Porque te sigo queriendo, ¡Qué quieren... yo soy así!, Boliche, San Lorenzo Campeón e outras.  Seus últimos anos (como sua vida inteira) foram de incansável atividade, com atuações no interior e exterior do país.  Em 1997 foi declarado "Ciudadano Ilustre de la Ciudad de Buenos Aires" e no ano seguinte "Ciudadano Ilustre de la Cultura Nacional". Vem a falecer em 24 de fevereiro de 1999.

Fonte:  Trechos pesquisados no site Todo Tango – trad. RM.