No 166 - Ano XIII - Novembro de 2009


 

Alam Blascovich e Adriana Gronow (BRA)

 

Para desfrutar a milonga, é importante conhecer, pelo menos, alguns códigos.  Aí vai uma contribuição para uma melhor convivência nas milongas: 

- Que a ronda siga no sentido contrário das agulhas do relógio;

- Que cada um conserve seu “canal”, sem ziguezaguear nem se transformar num “conquistador de pistas”;

- Que se saiba pedir desculpas em caso de esbarrar, pisar o outro, inclusive a/o parceira/o;

- Que, ao sair da pista, tenhamos cuidado para não levar junto os que continuam bailando;

- Que, só para aparecer, a dama não precisa fazer ganchos ou boleios altos, quando a pista está lotada de milongueiros;

- Que o cavalheiro deve gentilmente acompanhar a dama até o limite da pista mais próximo de sua mesa;

- Que enquanto se baila o tango, não se deve conversar... porque conversa não é ritmo (e nem melodia).

G.T. (Diostango-Bs.As.-trad. RM))

 

Cantemos

  (Tango)

Letra:   Reinaldo Yiso                                            Música:  Roberto Rufino


Patrón cierre la puerta, por qué mira asombrado,

le compro los juguetes que tiene en el bazar.

Yo se los compro todos, no importa lo que gasto,

dinero no me falta para poder pagar.

Por una sola noche yo quiero ser rey mago,

para que los purretes de todo el arrabal

mañana al despertarse aprieten en sus manos

el sol de esta alegría que yo les quiero dar.

 

Al bazar de los juguetes, cuantas veces de purrete me acercaba para ver.

Para ver de allí, de afuera, desde atrás de la vidriera lo que nunca iba a tener.

Si mi vieja era tan pobre le faltaba siempre un cobre para comprarnos el pan.

Y hoy que puedo, que la suerte me sonríe,

yo no quiero que haya un pibe que no tenga

ni un juguete pa' jugar.

 

Yo sé lo que es sentirse en una nochebuena,

sin un solo regalo por un cacho de pan,

sabiendo que los otros, cruzando la vereda,

dejaban sus juguetes allí, en medio del zaguán.

 

Yo sé lo que es sentirse besado tiernamente

por una pobre madre que no me pudo dar

ni el más humilde y pobre de todos los juguetes

por eso se los compro por eso nada más.


Orquesta Miguel Caló - Canta: Alberto Podestá
05/05/1954  Buenos Aires 0 - Odeon 55937 19474

 

Assim se tece a história

 

Inspirado autor de letras de tango, nasceu no bairro de Liniers, Buenos Aires, a 6 de abril de 1915.  Desde muito jovem rabiscava papéis com composições que saíam de sua observação das ruas e de seus sonhos juvenis - desde cedo tinha "alma de boêmio".  Nunca se afastou de seus amigos do bairro e arredores, onde participava do time de futebol e nasceu sua paixão por esse esporte.  Chegou a integrar o C.A. Vélez Sarsfield na reserva, com esperança de integrar o time principal, mas tendo quebrado uma perna, nunca mais pôde jogar.  Continuou trabalhando, foi galgando postos e empresas, chegando a diretor de uma gravadora.

Em 1941 o maestro Ricardo Tanturi estreia seu primeiro título, Por eso canto yo, porém é em 1943 que Yiso alcança êxito com o tango El sueño del pibe (com o futebol como tema, onde o autor lembra seus momentos felizes e suas ilusões de juventude).  Escreveu grande quantidade de tangos de caráter descritivo.  A maioria de suas letras descreviam sentimentos próprios ou de outros, refletindo paixões e controvérsias populares, como em Bolero, tango que mostra o enfrentamento que naquele momento ocorria entre os gêneros musicais, o tango e o bolero.  Em Bailemos, descreve a angústia sentida pelo casal diante da separação irreversível.  Todas as letras de Yiso encerram verdadeiras pinceladas da vida.

Além dos temas mencionados, seus tangos mais difundidos foram:  Un infierno, Soñemos, Cuatro líneas para el cielo, Un regalo de reyes, El hipo, Cómo le digo a la vieja, Una carta para Italia, Un tango para mi vieja, La número cinco, El tango es una historia, Estas cosas de la ida, La mascota del barrio,Un tormento, El clavelito, Susanita y Un vals para mamá".

Sua contribuição ao tango refletiu-se na grande quantidade de composições que escreveu, sem afastar-se nunca do peculiar estilo de poeta de bairro.  Suas letras resumem emoções e paixões comuns à sensibilidade do portenho.  Veio a falecer em 16 de dezembro de 1978.

Fonte:  José Pedro Aresi para Todo Tango (trad. RM)