No 154 - Ano XII - Novembro de 2008


Geovana de Oliveira e Fabiano Silveira (SC)

Convencionou-se que o sentido do baile é contrário ao dos ponteiros do relógio.  Apesar disso, parece que em algumas milongas isso não existe. Na verdade, isto ocorre com aqueles que dão seus primeiros passos e ainda não conhecem a regra.  Em se tratando de dançarinos experi-entes, isto é totalmente aceito por permitir a todos os casais que bailem comodamente no salão.

 Isto se liga com outra característica: há alguns anos somente se atreviam a entrar na pista de uma milonga aqueles que se sentiam seguros de sua perícia.  Havia uma mística de que aquilo era muito sério, res-peitável e que devia ser feito da melhor forma possível. Ultimamente, também reflexo de uma certa massificação do tango, os neófitos se animam a dar seus primeiros passos não apenas nas práticas ou nas academias, mas também nas milon-gas.  Enquanto muitos não conhecem as regras ou não as respeitam, subverte-se o espaço da dança, algo similar ao trânsito de veículos - bastam alguns poucos trasgredirem para que se instale o caos na circulação, e todos saem prejudicados.

(R.M.)

 

 

Cantemos

(tango - 1946)

Letra:  José Rotulo                                                                            Música: Alfredo De Angelis

Vivo sin saber como puedo resistír

esta fiebre que se aferra a tu querer

son remolinos con tu nombre y mi locura

con tu rísa y mi amargura que torturan mi vivír.

Quiero no querer lo que sufro por vencer

este viento de tristeza y soledad

y nuevamente me aprisiona el remolino

con tu sombra,.. con mi sino,.. sin salvación.

Tu voz... vuelvo a escuchar tu voz

vuelves en el adios

y para que?.. te quiero así

y para que?.. si tu querer,

solo dejó mi corazón...

sin su latír, sin ilusión...

Tu voz...vuelvo a escuchar tu voz

vuelves en el adios

y el remolino

con tu rísa y mi rencor

y tu reír, y mi dolor

y yo, que dí todo mi amor.

 

(Orquesta Francini-Pontier, canta Raúl Berón)

 

Assim se tece a história

 

 

Pianista, maestro e compositor, nasceu em Adrogué, província de Buenos Aires, em 2 de novembro de 1912.  Iniciou seus estudos musicais aos dez anos com o professor Guillermo Olson, maestro e compositor, tendendo a princípio pelo bandoneón; porém já em 1930 encontrava-se ao piano numa academia de dança.

Em 1932 atuou com Anselmo Aieta, e dois anos depois acompanhava Graciano de Leone. Foi pianista do grupo de Daniel Álvarez, com quem formou o conjunto Álvarez-De Angelis.

Debutou com sua própria orquestra no Café Marzotto em março de 1941 com os cantores Héctor Morea e Floreal Ruiz, com quem gravou seu primeiro disco.  Entre suas múltiplas versões, há várias que demonstram seu estilo, com o acompanhamento de destacados cantores, por exemplo: Quien más, quien menos, Lunes, Marinero, Gloria, Cómo nos cambia la vida, Almagro.

Alfredo de Angelis, além de ter sido um notável pianista e maestro com uma modalidade própria de características inconfundíveis, foi um extraordinário e fecundo compositor. Algumas de suas composições são: Remolino, Pregonera, La pastora, Alelí, Mañanita linda e El taladro, dedicado ao clube Banfield, do qual era simpatizante. Junto ao professor de Adrogué, cumpriram um papel fundamental os vocalistas, sendo Carlos Dante, Julio Matel e Oscar Larroca os que estavam mais identificados com sua orquestra.

Fonte:  Portal del Tango (trad. RM)

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