No 119 - Ano IX - Novembro de 2005


Lucila Cionci e Roberto Reis (Buenos Aires)

 

Como funciona uma Milonga?  Primeiramente, quem comanda a noite deve ter o ritmo do baile estruturado.  A música é tocada em seqüências curtas, de mais ou menos três ou quatro tangos, geralmente gravações da mesma orquestra, semelhantes em estilo.  A seguir, um bloco de valses ou de milongas.  É bem comum dançar uma seqüência inteira com o mesmo parceiro. Após vários blocos ou tandas, toca-se algumas músicas de dança de salão, para variar e agradar aos que ainda não dançam o tango.  Depois disso, tornam a tocar novas tandas, com tangos de outro estilo, milongas e valses e assim por diante.  Entre os blocos, um breve trecho de música considerada “não dançável” é lançado ao ar e nisso, todos retornam aos seus assentos.  Essa pequena interrupção é chamada cortina.  Para a próxima seqüência, encontra-se um novo parceiro. 

Demonstra-se educação e cavalheirismo quando, após um bloco de músicas, a dama é reconduzida ao seu lugar pelo parceiro.  São pequenas regras de etiqueta que fazem da Milonga ou Baile de Tango um acontecimento agradável e estimulante para seus freqüentadores.

(RM)

 

Cantemos

(Tango - 1929)

Música: Luis Visca                                                Letra: Enrique Cadícamo

 

Che, madam, que parlas en francés

y tiras ventolin a dos manos,

que cenas con champán bien frappé

y en el tango enredas tu ilusión.

 

Sos un biscuit de pestañas muy arqueadas,

muñeca brava, bien cotizada.

Sos del Trianon, del Trianon de Villa Crespo

Che vampiresa, juguete de ocasión.

 

Tenes amigos que te hacen gustos

y veinte abriles carnavaleros

y bien repleto tu monedero,

pa’derrocharlo de norte a sur.

 

Te llaman todos muñeca brava,

porque tus besos son dulces grupos.

Pa’mi sos siempre la que no supo

tomar en serio mi amor de juventud.

 

De mi que siempre soñé con tu cariño

y alla en el barrio te ame de niño.

Pero pa’que voy a decirte cosas viejas,

si ya has cambiado, muñeca, el corazón.

 

Assim se tece a história

Músico, pianista e compositor, Luis Nicolás Visca nasceu em Buenos Aires, no Bairro Once, em 19 de junho de 1903. 

Sua popularidade começa em 1926, quando integra a orquestra D'Arienzo-Visca-Mazzeo, e mais tarde a D'Arienzo-Visca.  Depois, foi pianista de Anselmo Aieta e outras orquestras típicas, com as quais atuou no famoso Chantecler, nos cinemas Hindú e Los Andes.    Veio ao Brasil como pianista na orquestra de Antonio Arcieri. 

Pelos idos de 1927 compôs seu primeiro tango, gravado por Ignacio Corsini, Mi perdón.  Logo após vieram seus grandes êxitos Compadrón e Muñeca brava.  Rosita Quiroga gravou Fanfarrón e Charlo No la contés grande.  Outras obras que tiveram repercussão com o público foram Pobre gata, Yo también, Maldonado, Tu Imagen (vals), No me lo digas, Dos Palabras por favor, Barajando recuerdos, nas quais colaboraram nada menos que Luis Rubinstein, José Rial e Enrique Cadícamo. 

Luis Visca faleceu em 22 de junho de 1968.