No 111 - Ano IX - Março de 2005


Norberto Esbrez e Luiza Paes

TANGO ARQUÉTIPO

Aproximado à consciência através do questionamento do inconsciente, coloca quem faz parte do mesmo à beira de um abismo.

Oferece a possibilidade de viver uma experiência absolutamente imediata, de que somente os corpos e os sentimentos são partícipes; não a psique!

No melhor dos casos ou no fatídico fato, trata-se propriamente de uma possi-bilidade e não de uma garantia efetiva de sucesso, já que com nossos meios hu-manos não podemos provocar com caráter de necessidade experiências dessa índole.

Existem fatores que fogem ao nosso governo.

Segura essa!!

(A.D.R.)

 

Cantemos

(Tango – 1943)

Letra:  Julio Jorge Nelson                                                                                                                            Música:  Joaquín Mora

Hoy te evoco emocionado, mi divina Margarita.

Hoy te añoro en mis recuerdos, ¡oh, mi dulce inspiración!

Soy tu Armando, el que te clama, mi sedosa muñequita,

El que te llora... el que reza, embargado de emoción.

El idilio que se ha roto me ha robado paz y calma.

Y la muerte ha profanado la virtud de nuestro amor.

¡Para qué quiero la vida!... si mi alma destrozada

Sufre una angustia suprema... vive este cruento dolor.

Hoy de hinojos en la tumba donde descansa tu cuerpo

He brindado el homenaje que tu alma suspiró;

He llevado el ramillete de camelias ya marchitas,

Que aquel día me ofreciste como emblema de tu amor.

Al ponerlas junto al lecho donde dormías tranquila,

Una lágrima muy tierna de mis ojos descendió

Y rezando por tu alma, mi divina Margarita,

Un sollozo entrecortado en mi pecho se anidó.

Nunca olvido aquella noche que besándome en la boca

Una camelia muy frágil de tu pecho se cayó;

La tomaste tristemente, la besaste como loca

Y entre aquellos pobres pétalos, una mancha apareció.

¡Era sangre que vertías! ¡Oh, mi pobre Margarita!

Eran signos de agonía... eran huellas de tu mal

Y te fuiste lentamente, vida mía, muñequita,

Pues la Parca te llamaba con su sorna tan fatal.

Orquestra de Horacio Salgán - canta Roberto Goyeneche

 

Assim se tece a história

Joaquín Mauricio Mora nasceu em Buenos Aires, no dia 22 de setembro de 1905.  Viveu sua infância e adolescência em Palermo, onde seu pai trabalhava.  Em 1916, entrou para o Conservatório Santa Cecilia, formando-se professor de piano em 1921. A partir dos dezoito anos, começa a atuar em bailes e reuniões com músicos de grande alcance e um ano depois torna-se pianista no salão “La Argentina”, justamente o lugar onde terminara seus estudos superiores. 

Então, aconteceu algo muito importante na trajetória de Joaquín Mora.  Depois de um ensaio em sua casa, seu amigo e bandoneonista José Fiotti deixou ali seu instrumento.  A curiosidade tentou Mora a tirar algumas notas de um tango em

 voga na época.  Entusiasmado, comprou um bandoneón a prestação, junto ao qual vinha um método de aprendizagem.  Em pouco tempo se convertiria em excelente bandoneonista.  Desta  forma, debuta na orquestra de Antonio Bonavena, em 1928, e, naquela ocasião, escreve seu primeiro tango, em parceria com José Fiotti, intitulado Viejo barrio.  Nessa época, cria alguns tangos de extraordinária beleza:  Divina, Nupcia, Leyenda e Mi estrella.  No final de 1930, apresenta-se na Espanha, Portugal e França.  No ano de 1934, numa madrugada junto ao piano, Mora tira de seu bolso um papelzinho com os versos que Julio Jorge Nelson lhe entregara no café Los 36 billares, da calle Corrientes, os leu e dali surgiram as notas de Margarita Gauthier, um de seus maiores êxitos musicais.  Para dar uma idéia, ao menos aproximada, da dimensão de sua obra de compositor:  Si volviera Jesús, Esclavo, Cofrecito (vals), En las sombras, Como aquella princesa, Frío e Más allá.  Com autores uruguaios, temos Canción de junio (Sol de invierno) e Dos banderas (Himno del Río de la Plata).  De 1943 a 1959, vive entre a Colômbia e o Panamá, e só se ficou sabendo de seu falecimento, em 2 de agosto de 1979, por um telegrama. As formas de expressão desta grande figura do tango encerram a difícil conjunção da simplicidade melódica e da sugestiva riqueza de um original ornamento harmônico, que define e caracteriza o trabalho autoral de um dos mais admiráveis cultores do tango. 

Fonte:  Ochenta notas de Tango. Perfiles Biográficos, Ediciones de La Plaza, Montevideo, 1998 - Trad. RM