Nº 51 - Ano V - Março de 2000


Roberto Herrera e Vanina Bilous

Afinidade...  Eis uma compatibilidade milongueira que vive conversando sem trocar palavra, desenhando-se no piso do salão.  É receber o que vem do outro com uma aceitação anterior ao entendimento.   É sentir com.   Nem sentir contra, nem sentir pelo.   É sentimento singular e discreto, que não precisa do amor.   É uma vitória do adivinhado sobre o real.   Do subjetivo sobre o objetivo.   Do permanente sobre o passageiro.

É trocar expressões, diálogos corporais tanto das possibilidades exercidas quanto as impossibilidades vividas.   É retomar o Tango no ponto em que parou sem lamentar o tempo da separação.   Porque ele (o tempo) e ela (a separação) nunca existiram.   Foram apenas a oportunidade dada - naquele salão, um dia - pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.

É exigente apenas de uma coisa: que as pessoas evoluam parecido, que o amadurecimento traga um aperfeiçoamento de grau similar.                         

(A.D.R.)

 

Cantemos...  

(tango)

                  Música:   Rafael Tuegols                                                            Letra:   Francisco García Gimenez                     

Cuántas noches fatídicas de vicio tus ilusiones dulces de mujer

como las rosas de una loca orgía las deshojaste en el cabaret.

Y tras la farsa del amor mentido al alejarte del Armenonville

era el intenso frío de tu almalo que abrigabas com tu zorro gris.

Al fingir carcajadas de gozo entre el oro fugaz del champán,

reprimías adentro del pecho un deseo tenaz de llorar.

Y al pensar entre un beso y un tango en tu humilde pasado feliz,

ocultabas las lágrimas santas en los pliegues de tu zorro gris.

Por eso toda tu angustiosa historia en esa prenda gravitando está,

ella guardó tus lágrimas sagradas, ella abrigó tu frío espiritual.

Y cuando llegue en un cercano día a tus dolores el ansiado fin,

todo el secreto de tu vida triste se quedará dentro del zorro gris.

Orquesta Francisco Lomuto

                              

 

 

Assim se tece a história

Nasceu em 1889. Iniciou-se como violinista atuando em alguns teatros. Interveio, desde muito jovem, em concertos que o Conservatório Rossini organizava no Prince George’s Hall. Em 1914 enveredou-se pelos caminhos do tango, formando parte de um conjunto que marcou época num café portenho na esquina de San Juan e Boedo, onde Roque Ardid tocava piano, Luis Aulisini a flauta e Antonio Gutman o bandoneón.

Mais tarde, apresentou-se no Montmartre junto a Ricardo Luis Brignolo e Luis Ricardi. Tempos depois, integrou a orquestra do "tigre do bandoneón" Eduardo Arolas, junto a quem fez tangos, digamos assim, ao longo de cinco anos. Quando Arolas viajou para a França, Rafael Tuegols passou a fazer parte do grupo orquestral do maestro Francisco Canaro. Dois anos mais tarde estaria com sua própria orquestra.

Como compositor, escreveu temas de valor indiscutível, entre eles: Zorro gris, La gayola, Príncipe (com Anselmo Aieta), Viejos pagos, La uruguayita, Muchacho de ley, etc. Este prestigioso músico veio a falecer em 1960.

(Trad. RM)

 

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