No 160 - Ano XIII - Maio de 2009
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O Tango não permite que um dos bailarinos protagonize um papel principal. Efetivamente, a condução do homem condiciona o que a mulher deverá fazer, mas não a transforma numa marionete. No Tango tem de existir um acordo tácito em que ambos aceitam as regras de um jogo, sendo a primeira a de que o homem propõe, conduzindo, e a mulher aceita, deixando-se conduzir. O fato de seguir o homem não deve ser entendido como uma atitude absolutamente passiva. Ao contrário, a mulher deve colocar na dança toda a sua sensibilidade e o seu estilo próprio. Este conceito, associado à técnica específica da mulher, permite-lhe, mais cedo até que ao homem, desfrutar, na totalidade, os prazeres da dança. Quando um homem conduz a mulher, ela mesma já firmou a sua postura, com o seu peso, a sua maior ou menor facilidade de movimentos, o seu equilíbrio e segurança dos passos, etc., características pessoais de que o homem não pode ignorar e às quais deve também ajustar-se, embora a mulher se adapte com mais facilidade à condução do homem, do que o homem à forma de dançar da mulher. Fonte: Internet – trad. RM |
Cantemos |
(tango – 1940) Letra: José María Contursi Música: Pedro Laurenz |
Me acobardó la soledad y el miedo enorme de morir lejos de tí... Qué ganas tuve de llorar, sintiendo junto a mí la burla de la realidad. El corazón me suplicó que te buscara y que te diera su querer... Me lo pedía el corazón y entonces te busqué, creyéndote mi salvación.
Y ahora que estoy frente a tí parecemos, ya ves, dos extraños... Lección que por fin aprendí, cómo cambian las cosas los años. Angustia de saber, muertas ya, la ilusión y la fe. Perdón si me ves lagrimear, los recuerdos me han hecho mal.
Palideció la luz del sol, al escucharte fríamente conversar. Fue tan distinto nuestro amor y duele comprobar, que todo, todo terminó. Qué gran error volverte a ver para llevarme destrozado el corazón. Son mil fantasmas al volver, burlándose de mi las horas de ese muerto ayer. |
(canta Juan Carlos Casas com orquestra de Pedro Laurenz |
Assim se tece a história |
O Marabú foi um dos templos do tango onde Aníbal Troilo debutou nos idos de 1938. Seu amigo e poeta José Maria Contursi era habitué desse reduto, onde foi testemunha de um drama passional que soube usar para construir a letra do tango que batizou com o título acima. Algum tempo antes, seu amigo Pedro Laurenz lhe havia dado a composição de uma bela melodia para que pusesse os versos. A história que ele conheceu no Marabú sobre o romance de um garçom e uma copeira foi a base para a letra neste sucesso na voz de excelentes cantores, como Floreal Ruiz e Adriana Varela. Contursi contava que na oportunidade em que o Cabaré Marabú recrutava moças para o trabalho de copeiras, entre elas se apresentou uma noite uma belíssima jovem, vinda da cidade de Córdoba, procurando trabalho em Buenos Aires. Jovem e bela foram suas credenciais para ser imediatamente contratada pelo dono do lugar. Com o tempo, fez amizade com um dos garçons, cordobês como ela, e essa amizade foi crescendo e assim tornaram-se namorados. Juraram continuar trabalhando alguns anos no lugar, juntar dinheiro e se casar, ter filhos e envelhecer juntos. Eram duas pessoas boas, queridas pelos seus companheiros da noite. Mas um dia... a coisa mudou abruptamente. Apareceu no Marabú um homem que, sem meias palavras, agarrou a moça pelos cabelos e arrastando-a, tentou sair com ela dali. Claro que a reação de seus colegas foi unânime... Porém o homem tinha uma razão muito grave para justificar sua atitude: apresentou ali sua certidão de casamento, argumento invencível para qualquer impedimento. Era sua esposa e ele veio resgatá-la daquele antro de perdição... Todos ficaram revoltados, mas inutilmente. O namorado ficou emocionalmente arrasado, seus companheiros não sabiam o que fazer para consolá-lo - tantos projetos e no final, tudo se acabara... Passou-se o tempo - um ano, dois anos e a ferida em seu coração ainda não cicatrizara. Seus amigos, pensando fazer-lhe um bem, o aconselharam que fosse procurá-la. Por comentários dela no passado, não lhe custou muito localizar o armazém onde ela trabalhava na cidade de Córdoba. Quando entrou na loja, viu-a atrás do balcão atendendo uma cliente. E não acreditou no que via... Apenas dois anos haviam se passado da traumática separação, e o passar do tempo operou tristes mudanças na aparência da moça. Gorda, desalinhada, sem dentes, com o olhar mortiço, era aquela que tinha à frente. Todas suas esperanças fizeram-se em pedaços, seus olhos encheram-se de lágrimas e dando meia volta, partiu com o coração destroçado. José Maria Contursi, quando escutou entre soluços o relato frustrado do namorado, construiu esses belíssimos versos. |