No 148 - Ano XII - Maio de 2008


"Cuando caigan las hojas" - óleo de Leonardo Faillace

Feliz é aquele que consegue fazer alguém feliz!  Entendo que muito mais feliz é aquele que com apenas um gesto, uma palavra, consegue acalmar o pranto, e consegue fazer rir alguém que perde um encanto e lhe devolve o sorriso perdido. Às vezes, uma palavra apenas, um incentivo, um elogio, é capaz de fazer grande um mundo de uma pessoa, ou devolver o chão para alguém que está no fundo do funil sem fim. Conseguir fazer alguém se sentir feliz é um dom muito maior que reconhecer a própria felicidade. É uma das maiores alegrias da Vida!

Existe felicidade maior que devolver a auto-estima a alguém?  Existe felicidade maior que saber que é o responsável por um sorriso?  E é tão fácil... Basta uma palavra, um gesto, uma mensagem, um telefonema, uma música, uma dança, ou um tango, para o mundo de uma pessoa se iluminar, ou para você se tornar o mundo dessa pessoa. 

Ah! Bailar um tango!  Que mulher não se sente acariciada ao ser convidada a bailar um tango? Basta olhar em seu semblante, quando na pista ela está toda radiante nos braços de um dançarino.  E qual homem não sentirá uma alegria contagiante em saber que bailando um tango com uma mulher a faz vibrar de emoção e contentamento, por estar em seus braços a caminhar?

Elza Moreira

(do site Momentos de Tango)

 

Cantemos

(Milonga)

Música:   Enrique Maciel                           Letra:  Héctor P. Blomberg               Cantor: Ignacio Corsini

 

 

Buenos Aires de mi amor, ¡oh, ciudad donde he nacido!

No me arrojes al olvido yo, que he sido tu cantor.

De mi guitarra el rumor recogió en sus melodías,

recogió en sus melodías el recuerdo de otros días que jamás han de volver,

los viejos cantos de ayer que fueron las glorias mías.

 

Esperanzas que ya no hay, coplas y cielos ardientes,

la diana de los valientes volviendo del Paraguay.

Cantos de patria, pero ¡ay!, que en la guitarra argentina,

que en la guitarra argentina melancólica se inclina para decirles adiós,

mientras se apaga la voz de las milongas de Alsina.

 

Por eso vengo a cantar mi trova de despedida,

que hoy la tarde de la vida mi alma ya empieza a nublar.

Nadie volverá a escuchar de mi guitarra el rumor,

de mi guitarra el rumor, cantos de gloria y de amor de la ciudad en que he nacido,

no me arrojes al olvido yo que he sido tu cantor.

 

 

Assim se tece a história

 

Foi um cantor nativo, sem alardes de virtuosismo, com seu estilo originado pelo repentista José Betinoti, mas com um claro tom anasalado próprio do sul da Itália.  Nasceu em fevereiro de 1891, na Sicília, com o nome de Andrés Ignacio.  Chegou a Buenos Aires com sua mãe em 1896 e radicaram-se em Almagro.  Em 1907 conheceu o artista circense José Pacheco, que o introduziu ao teatro.  Aliás, foi com a filha deste, Victoria,  que Corsini se casou em 1911 e que foi sua grande companheira e incentivadora. 

Em 1912 gravou seus primeiros discos, mas sempre canções nativas e campesinas, pois ainda não conhecia o tango.  Participou de diversos filmes como, por exemplo, "Santos Vega" em 1916, "Milonguita" em 1922, "Rapsodia gaucha" em 1932, "Fortín alto" em 1941.  O sucesso como cantor de tango surgiu em 1922 com “Patotero sentimental”, que o consagrou – chamavam-no de “El Caballero Cantor” e com o passar dos anos dedicou-se a escrever.  Compôs para Edmundo Rivero "Aquel cantor de mi pueblo", que o levou a gravar um disco. 

Na década de 40 uniu-se a Pedro Blomberg e Enrique Maciel na guitarra.  Alguns de seus sucessos foram: "La pulpera de Santa Lucía", "La canción de Amalia", “La mazorquera de Montserrat”, "Los jazmines de San Ignacio", "China de la Mazorca", "La guitarrera de San Nicolás", “La que murió en París”, “Barrio viejo del 80”, “El adiós de Gabino Ezeiza” e “La viajera perdida”.  Depois da doçura do sucesso, Corsini amargou seus últimos anos após a perda de sua esposa, que o levou a cantar pela última vez em 28 de março de 1949 na Rádio Belgrano.  Em 1961 reapareceu publicamente na TV e em 26 de julho de 1967, cerrava seus olhos para sempre.  Com ele ia-se uma voz peculiaríssima, com certeza a mais atípica com que o tango contou.

Fonte:  Tango Nuestro, do Diario Popular (Trad. RM)

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