No 125 - Ano X - Maio de 2006


Fernando Serrano

Qualquer teoria física é provisória, desde que é apenas uma hipótese e como tal pode ser repetida e modificada. Na prática,  como conseguir prová-la? Não importam tantas e quantas vezes os resultados das experiências se-jam condizentes com alguma teoria - você nunca poderá afirmar que na próxima tentativa a resultante não irá se opor à teoria.

Mas, qualquer tango é definitivo em nossas vidas, aquela figura, naquele momento único, dificilmente irá se repetir; ficará eternamente, porque ela contém uma criação singular. É claro que você pode desacreditar uma teoria ao achar uma única informação, observação que não concorde com as previsões teóricas, mas, qualquer tango capta um instante de vida para se perpetuar, como primeiras núpcias que os dois corpos estabelecem, não se repetindo na forma exata com outro possível par.

Não há como igualar ou comparar as sensações vividas no momento onde o tango é quem dita, quem vitaliza a experiência, não cabendo nele teorias que possam modificar sua eterna essência.

(ADR)

 

Cantemos

(Tango- 1923)

Letra e Música:  Roberto Goyheneche

Yo de mi barrio era la piba más bonita, en un colegio de monjas me eduqué

y aunque mis viejos no tenían mucha guita con familias bacanas me traté.

Y por culpa de ese trato abacanado ser niña bien fue mi única ilusión,

y olvidando por completo mi pasado, a un magnate le entregué mi corazón.

 

Por su trato y su porte distinguido por las cosas que me mintió al oído,

no creí, que pudiera ser malvado un muchacho tan correcto y educado.

Sin embargo, me indujo el mal hombre con promesa de darme su nombre,

a dejar mi hogar abandonado para ir a vivir a su lado.

 

Y es por eso que mi vida se desliza entre el humo y el champagne del cabaret

mi dolor se confunde en mi sonrisa, porque a reír mi dolor me acostumbré...

Y si encuentro algún otario que pretenda por el oro mis amores conseguir,

yo lo dejo sin un cobre pa' que aprenda y me pague lo que aquel me hizo sufrir.

 

Hoy bailo el tango, soy milonguera me llaman loca y ¿qué se yo?...

Soy flor de fango, una cualquiera culpa del hombre que me engañó...

Entre las luces de mil colores y la alegría del cabaret,

vendo caricias y vendo amores para olvidar a aquel que se fue...

 

 

Assim se tece a história

 

Roberto Emilio Goyeneche foi pianista, compositor e maes-tro.  Era adolescente quando deu seus primeiros acordes no piano de um cinema, e logo vieram outros cinemas e numerosos cafés.  Sua atuação no “La Glorieta”, com orquestra própria, lhe abriu as portas de outros locais onde se cultuava o Tango, às vezes tocando com Arolas e Tuegols. 

Vinculou-se ao ambiente teatral em sua visita à Espanha em 1922, com a companhia nativa de Muiño-Alippi, levando como bandeira a música portenha acompanhando os cantores Francisco Martino e Celia Louzán.

De trajetória efêmera, pois viveu apenas 26 anos, seu nome é lembrado repetidamente por algumas páginas que se mantêm atuais na memória, tais como:  De mi barrio, cantada pela inimitável Rosita Quiroga; El metejón, com Ignacio Corsini; Pompas de jabón, Yo te perdono, com letra de Cadícamo e ¡Pobre vieja!, cantada por Gardel.

Sua primeira composição foi o vals Pour vous, de 1918 e outros de seus tangos ¡Que te vaya bien!, Otro ambiente, Milonguera, ¿Por que llorás?.

A seu lado, atuaram os famosos músicos Juan Carlos Bazán, Bachicha, Julio Pollet, Armando Blasco, Pedro Laurenz, González (Mochila).  Alguns templos "tangueiros" que contaram com suas apresentações foram "El Parque" e "El Porteño", cafés, e a "Radio Cultura" no seu início.

Goyheneche nasceu en Buenos Aires (Parque Lezama) no dia 23 de outubro de 1898 e faleceu em 22 de abril de 1925, no bairro de Belgrano.

Fonte:  Todo Tango (trad. RM)