No 101 - Ano VIII - Maio de 2004


A música traz a possibilidade de expressarmos, universalmente, os sentimentos.  Não faz diferença se for um vals, um tango ou uma milonga. O seu valor está na mensagem que nos comove.  Até onde, verdadeiramente, nos sentimos invadidos pelo seu som?

É claro que existem expressões que projetam códigos globais e o Tango é um exemplo de gênero musical que atrai adeptos em qualquer cultura.

O maestro austríaco Felix Weingartner compôs "El Ranti", Alberto Williams nos deixou a milonga "...de la obra", o alemão Erick Kleiber estreou em Buenos Aires seu "Tango para Orquesta", Igor Stravinsky compôs o tango "L'Histoire du Soldat", o nosso Heitor Villa-Lobos sentiu-se também influenciado no clássico "Amerindia".

Os grandes foram cativados pelos compassos do Tango, o mesmo que nos envolve num abraço e se traduz em figuras inusitadas no salão.  

ADR

 

Cantemos

(1931)

Letra:  Enrique Cadícamo                                                                                                                       Música:  Guillermo D. Barbieri

Tirao por la vida de errante bohemio estoy, Buenos Aires, anclao en Paris.

Cubierto de males, bandeado de apremio, te evoco, desde este lejano pais.

Contemplo la nieve que cae blandamente desde mi ventana, que da al bulevar:

las luces rojizas, con tono muriente, parecen pupilas de extraño mirar.

 

Lejano Buenos Aires, !que lindo has de estar!

Ya van para diez años que me viste zarpar...

Aqui, en este Montmartre, faubourg sentimental,

yo siento que el recuerdo me clava su puñal.

 

!Como habra cambiado tu calle Corrientes!...!Suipacha, Esmeralda, tu mismo arrabal!...

Alguien me ha contado que estas floreciente y un juego de calles se da en diagonal...

!No sabes las ganas que tengo de verte! Aqui estoy varado, sin plata y sin fe...

!Quien sabe una noche me encane la muerte y chau Buenos Aires, no te vuelva a ver!

 

Assim se tece a história

             

Guillermo Desiderio Barbieri foi guitarrista, cantor e compositor, nascido em San Cristóbal, Buenos Aires, a 25 de setembro de 1894.  Começou num conjunto de Juan Maglio, e como cantor participou no conjunto Barbieri-Cardelli.  Mas ficou realmente conhecido quando, junto a José Ricardo, acompanha como segunda guitarra o dueto Gardel-Razzano.  Ao separar-se, continua acompanhando Gardel por todas as turnês e atuações até o acidente de Medellín.  

Achamos pertinente a menção das obras mais destacadas, que foram conhecidas pela voz de Carlos Gardel: os tangos Anclao en Paris, Barrio viejo, Besos que matan, Cruz de palo, Dicha pasada, La novia ausente, El que atrasó el reloj, Preparate hermano, Se llama mujer, Tierra hermana, Tus violetas, Viejo smoking e os valses Rosas de otoño, Tu vieja ventana e Alicia.

Foram anos de difícil competição na composição, os quais Guillermo Barbieri transitou triunfalmente e muitos dos temas do repertório gardeliano foram também sucessos nas melhores orquestras típicas do momento.  Por tudo isso, Barbieri tem os méritos suficientes para ser considerado uma das figuras mais importantes do tango.  Faleceu em 24 de junho de 1935.

Fonte:  Portal del Tango e Todo Tangotrad. RM