No 161 - Ano XIII - Junho de 2009


 

"Milongueando" - por Susana Romero

A evolução da dama no tango não depende de uma habilidade para reproduzir coreografias. Ao contrário, seu crescimento técnico é proporcional à sua capacidade de lidar com o desconhecido.

O medo de encarar um "passo não aprendido" diminui à medida em que a dama se confia ao cavalheiro. Ser conduzida significa colocar-se em uma entrega gentil e suave, pertencer a ele durante aqueles minutos.

Será que a emancipação feminina nos impede de agir nesta situação de aparente submissão?  Mas a dança é uma obra criativa, não uma disputa de poder. A dama que se entrega tem mais facilidade em achar seu tempo e espaço de ação, através dos enfeites.

Também na vida situações desconhecidas geram medo. E o medo (de perder algo que amamos) faz com que tentemos, em vão, controlar o que acontece para evitar que soframos.

Aprender a ter o corpo conduzido no tango é um exercício que tor na a mente mais calma, concordando em ser conduzida pelo mistério da vida. É aprender a viver com mais leveza, deixando que o destino (e não nossas estratégias) nos conduzam e nos aproximem da vida plena que toda mulher deseja e merece.

Marcela Werneck (aluna de tango)

 

Cantemos

(tango – 1930)

Letra:  Zubiría Mansilla                                                                    Música:  Francisco Pracánico

Sosegate, que ya es tiempo de archivar tus ilusiones.
Dedicate a balconearla, que pa´ vos ya se acabó
y es muy triste eso de verte esperando a la fulana
con la pinta de un mateo desalquilao y tristón.
¡No hay qué hacerle, ya estás viejo, se acabaron los programas
y hacés gracia con tus locos berretines de gavión!
Ni te miran las muchachas, y si alguna te da labia
es pa´ pedirte un consejo de baqueano en el amor.

¡Qué querés, Cipriano, ya no das más jugo!
Son cincuenta abriles que encimas llevás….
Junto con el pelo, que fugó del mate,
se te fue la pinta, que no vuelve más.
Dejá las pebetas para los muchachos,
esos platos fuertes no son para vos.
Piantá del sereno; andate a la cama,
que después mañana andás con la tos…

Enfundá la mandolína, ya no estás pa´ serenatas,
te aconseja la minusa que tenés en el bulín,
dibujándote en la boca la atrevida cruz pagana
con la punta perfumada de su lápiz de carmín.
han caído tus acciones en la rueda de grisetas
y al compás del almanaque se deshoja tu ilusión,
y ya todo se convida pa´ ganar cuartel de invierno
junto al fuego del recuerdo, a la sombra de un rincón.

(canta Julio Sosa com orquestra de Armando Pontier)

 

Assim se tece a história

 

José María Horacio Zubiría Mansilla nasceu em  Buenos Aires a 29 de julho de 1894.  Por volta de 1920 ou 21 começou a escrever canções que, a princípio, não tiveram repercussão.  Quando se integrou ao ambiente teatral, o maestro Manuel Jovés colocou música em algumas de suas letras, que foram apresentadas nos palcos portenhos.

Cuentas claras, gravado por Azucena Maizani, Del viejo barrio porteño, Clavel rojo, Copetín, En la huella, Inglesita, Mañanita risueña, Viejo amor, Enfundá la mandolina são seus tangos mais conhecidos.  Suas canções levaram melodias compostas por Alfredo Pelaia, Julio Sanders, Andrés Domenech, Francisco Pracánico, Isaias Pittaluga e outros.

Recompilou seus versos mas não se animou  a publicá-los em livros que teriam sido de distinto caráter literário pela qualidade de suas poesias e seu talento criativo.  Escreveu alguma coisa para o teatro, mas não obteve êxito.

Também conhecia Carlos Gardel, que lhe havia gravado "Viejo amor", quando lhe levou "Enfundá la mandolina".  Ao dar o tom desse tango, Gardel se mostrou surpreso com o timbre de sua voz e, elogiando-o, perguntou por que não cantava.

Zubiria faleceu na capital portenha em 26 de maio de 1959.

Fonte:  Todo Tango