No 102 - Ano VIII - Junho de 2004


Antonio Cervila Junior & Silvia Toscano

Depoimentos:   Por que vamos à milonga?

§    Porque é um mar de abraços;

§    Porque me sinto com tudo em cima;

§    Porque ali encontro minhas amigas;

§    Porque o médico me receitou;

§    Porque descubro a poesia de meu corpo;

§    Porque é meu espelho cultural;

§    Porque tem um bom astral;

§    Porque me sinto viva;

§    Porque fica perto;

§    Porque deixamos de ser solitários;

§    Porque encontro tradição e futuro;

§    Porque me separei;

§    Porque me divirto com pouco dinheiro;

§    Porque é quando eu me arrumo melhor;

§    Porque me faz tirar os pés do chão;

§    Porque estou à procura não sei do quê;

§    Porque o Tango está sempre à minha espera;

§    Por suas promessas;

§    Porque ele vai;

 

Por isso é que a milonga é uma festa.  Venha e descubra as suas razões.

Susana Porteña

 

Cantemos

(Tango - 1927)

Letra:  María Luisa Carnelli                                   Música:  Juan de Dios Filiberto

Sollozó el bandoneón, congojas que se van con el anochecer.

Y como un corazón, el hueco de un zaguán,

recoge la oración que triste dice fiel mujer.

Lloró la milonga, su antigua pasión,

parece que ruega consuelo y perdón.

La sombra cruzó por el arrabal

de aquel que a la muerte jugó su puñal.

Dos viejos unidos en un callejón,

elevan las manos por su salvación.

Y todo el suburbio, con dolor,

evoca un hondo drama de amor.

Conmovió al arrabal con largo estremecer el toque de oración.

Dolor sentimental, embarga a la mujer

en tanto el bandoneón la historia reza de un querer.

(Letra assinada com o pseudônimo Luis Mario)

 

Assim se tece a história

             

Jornalista e escritora.  Fez jornalismo na Argentina, América e  Europa durante mais de um quarto de século, colaborando para jornais e revistas famosos, entre eles “Caras e Caretas”.  Foi correspondente de jornais argentinos na guerra civil espanhola.  Escreveu vários livros em prosa e verso: "Poemas para la Ventana del Pobre",  "¡Quiero Trabajo!", "Rama Frágil", "Mariposas Venidas del Horizonte". 

Sua estréia no cancioneiro, em 1927, foi um sucesso, com música de Donato-Zerrillo, nada menos que o tango Se va la vida, com grandes intérpretes como Azucena Maizani e Agustín Magaldi, entre muitos outros.  Logo depois produziu Cuando llora la milonga com música de Juan de Dios Filiberto e El malevo, com música de Julio De Caro, que foi gravada por Rosita Quiroga com seu estilo peculiar.

Com Rafael Rossi publicou Pa'l cambalache e La naranja nació verde; com Francisco De Caro, Primer agua; também com os irmãos De Caro, Moulin Rouge e Dos lunares; com Ernesto Ponzio (El pibe Ernesto) Quiero papita e 18 kilates; também fez com Filiberto Linyera e Azul de cielo; com Luis Teisseire Mano santa e Luna roja (milonga) entre outras; com Argentino Valle, com Patrocinio Díaz e outros grandes cultores colaborou também usando indistintamente seus pseudônimos de Luis Mario e Mario Castro.

Carlos Gardel gravou seus Pa'l cambalache e Cuando llora la milonga, tangos que forçaram uma convivência mais estreita entre ambos.  O cantor estranhava o lunfardo empregado em seus tangos, pois conhecendo seu preparo intelectual, não acreditava que ela seguisse essa linha.

Apesar de ter reconhecido seu trabalho literário e autoral, diz-se que o mesmo se deveu ao toque de seu amigo, o escritor Enrique González Tuñon, falecido em 1943.  Maria Luisa Carnelli nasceu em La Plata (Buenos Aires) em 31 de janeiro de 1898 e faleceu em Buenos Aires em 4 de maio de 1987.

Fonte:  Todo Tango – Internet (trad.: RM)