No 162 - Ano XIII - Julho de 2009


Dante Sanchez e Angelica Avalos (ARG)

A progressiva expansão do Tango como uma música que transpõe fronteiras locais e acaba tornando-se patrimônio da humanidade, encontra seu cifrado clave na figura trascendental de Astor Pantaleón Piazzolla, músico de inolvidável proje-ção que deixou a sua  pegada  na notável universalização do Tango.

Até os anos 40 era o bandoneonista que passara pela or-questra do maestro Aníbal Troilo - porém em seguida, joga todas suas fichas congregando músicos e apresentando seu estilo no Café Marzotto da cêntrica calle Corrientes. Seu gesto poderia ter sido visto como de uma tremenda rebeldia juvenil, porém foi a pedra de toque para a mais profunda revisão e renovação que o Tango conheceu na última metade do século vinte. 

A partir deste astro, a música de Buenos Aires nunca mais foi a mesma. Eis a música cidadã portenha - o Tango, que foi cruzando fronteiras e instalou-se no mundo por direito próprio. O Tango que a gente ama... salve Libertango!

(ADR)

Cantemos

(Tango)

Letra:  Francisco García Jiménez                                                                   Música:  José Martínez

 

Al releer tristemente páginas de honda ternura,

rueda a mis pies el cadáver de una flor que yacía entre palabras suyas...

Flor que lució noblemente, con pintoresca hermosura,

prueba de afecto profundo en el ayer... ¡y hoy fantasma del fugaz querer!...

 

Muerto pensamiento, que ella un día me ofreció:

otro pensamiento ha perdurado tu existir

el de mi mente, siempre vivo, que en los recuerdos está cautivo.

Horas que entre dichas amorosas vimos ir:

guarda el pensamiento vuestro aroma embriagador,

eterna flor que yo cultivo con cálido fervor.

 

En mi soledad mi mente emprende un vuelo,

rehúye la cruel verdad y otra vez hasta los cielos donde puso sus anhelos se va...

Soy feliz así, a solas con mis sueños,

que en ese mundo aún soy dueño del bien que en este mundo ya perdí.

(canta Alberto Gómezr)

 

Assim se tece a história

 

Martínez, que nasceu em Buenos Aires em 28 de janeiro de 1890 e faleceu no bairro de Belgrano em 27 de julho de 1939, teve participação ativa em 1918 nas reuniões que aconteciam na calle Florida 300 com Francisco Canaro, Vicente Greco, Rafael Tuegols, Antonio Cipolla, Luis Teisseire e Samuel Castriota para dar forma a uma organização que defendesse seus direitos e que vem a ser a atual SADAIC.  Era conhecido no ambiente pelo apelido de "El Gallego", ao qual respondia que apesar do sobrenome espanhol, era argentino há três gerações.

Cursou até o ensino médio e durante três anos trabalhou como escrivão num cartório.  Ao mesmo tempo, como era um grande intuitivo, tocava piano em casa de amigos, mesmo sem ter estudado previamente música.  Seu acesso ao tango em grande estilo foi em 1911, ao integrar-se como pianista no trio formado por Augusto Pedro Berto (bandoneón) e Jullo Doutry (violino).   Sempre armando e integrando orquestras, por exemplo, participou de uma das maiores pelo nível de seus músicos, a de Firpo-Canaro.  Também atuou em teatros como o "Smart" e "Maipo".

Deixou uma enorme herança, constituída pelos seus numerosos trabalhos como compositor:   Yerba mala, dedicado a Agustín Bardi; Samuel e El pensamiento, a Samuel Castriota; Canaro a Francisco Canaro; Pablo, a Pablo Podestá.  Além disso, compôs a música de Pura uva, El cencerro, La torcacita, De vuelta al bulín, El palenque, Olivero, Calma chicha, Punto y coma, Lepanto, El matrero, Expresión campera, El acomodo, La correntada, Carbonada, Pedacito de cielo, Tengan paciencia, Polvorín, Marianita, etc.

Sem dúvida, José Martínez destinou, desde muito jovem, grande parte do seu talento musical ao nosso tango. 

Fonte:  "Cuadernos de difusión del Tango" por Salvador Arancio (trad. RM)