No 127 - Ano X - Julho de 2006


Omar Ocampo e Monica Romero, atrações do II RioTangoFestival 2006

"Mistesia do tango"

A estética e a poética do tango são definiti-vamente sensuais, transgressoras, atemporais e irre-sistíveis.  Necessárias, entretanto, porque o proibido é decantado e recontado através dos corpos amantes desta arte.

A sua gênese é pautada no universo do desejo e da paixão. Ódios e ciúmes atravessam e apoderam-se do racional humano. Dores de anos, marcadas a fogo pela traição e o abandono, tragicamente vividas, serão suavizadas e recriadas, a cada passo cumpliciadas e deslizadas. A mistesia do tango fundamenta-se na reinvenção do discurso do sofrimento quando este é levado aos palcos, transformando o lamento em prazer. (...)

O tango é o espelho dos segredos inadmissíveis, porém, os mais verdadeiros.

 (MACP)

 

Cantemos

(Tango)

Música:  Rubén Juarez                                                Letra:  Cacho Castaña

Decime bandoneón, qué tango hay que cantar,

no ves que estoy muriéndome de pena?

Talvez en tus archivos se quedó

un tango que Gardel nunca cantó.

 

Permiso bandoneón, quizá Discepolín

un verso te dejo para esta pena.

Yo sé que con tu aliento a soledad

mi angustia y mi dolor podes calmar.

 

 ¿Qué tango hay que cantar, decime bandoneón,

yo sé que vos también lloras de amor?

Tuviste un desengaño como el mío,

la noche en que Malena se marchó.

 

¿Qué tango hay que cantar, querido bandoneón?

Busquemos ese tango entre los dos.

Tu pena con mi pena van del brazo,

qué lindo que se hicieran el amor.

 

 No llores bandonéon, tenés que perdonar

si a todos deschavé, cuál es tu pena?

El beso que Malena no te dio

la noche en que amurado te dejó.

 

Hermano bandoneón prestame un tango más,

no ves que están azules mis ojeras.

Azules por el frío de un amor,

amor que entre las sombras se perdió.

 

Assim se tece a história

 

Cantor, pianista e compositor.  Seu verdadeiro nome é Humberto Vicente Castagna.  Nasceu em 11 de junho de 1942.  Aos 13 anos já tocava, enquanto estudava piano, em alguns bares portenhos.  Estudou piano até 1958 e já formado, passou a integrar a "Orquesta Típica de Buenos Aires”, composta apenas de adolescentes como ele.  Após permanecer um ano na dita orquestra, passou ao conjunto de Marcos Larrosa e depois ao de  Oscar Espósito. 

Além do piano, utilizou o violão - que aprendeu por conta própria - para compor.  Suas primeiras composições são:  “Las nubes que bajan” e “De noche y llovía”. Em 1962 saiu em turnê com um grupo de amigos e em “Los Huracanes”.  Posteriormente, em alguns lugares se acompanhava com seu violão e cantava zambas e tangos. 

Ganhou vários discos de ouro pelo sucesso de suas gravações, e entre suas composições se destacam:  Qué tango hay que cantar, Tenes a Buenos Aires en los ojos, Mi viejo, el italiano, A Buenos Aires se le perdió un violín, Desde el balcón de mi casa, Café La Humedad. Súbete a mi coche, El mundo de la fantasía.

Fonte:  Portal del Tango (trad. RM)