No 180 - Ano XV - Janeiro de 2011


"Marcelo y Marcela" - por Cristina Bergoglio (ARG)

 

 

“Dias atrás, tive o privilégio de compartilhar um jantar com um verdadeiro cavalheiro da milonga e sua esposa. Impecáveis na sua estampa e elegantes no seu baile, sua conversação se encaminhava para uma singular sabedoria. Inevitavelmente, entramos no terreno da dança, que tem a ver com tudo que se produz na pista quando se encontra concorrida demais, e na caracterização sempre difícil do que é poder dançar direito.

 

Foi assim que me surpreendi ao ouvi-lo falar coisas conhecidas, porém com uma graça e uma lógica toda especial. Ao entrar no tema da necessidade que o homem espere que a dama pise para continuar a sequência de passos, quer dizer, que ele não se antecipe, mas que lhe dê  tempo para depositar seu peso no pé correspondente, me disse então dessa maneira: ‘mas é claro, é como abrir a porta de um carro para que ela suba e logo fechá-la com suavidade...‘

 

A eloquência do exemplo poderá ser útil a mais de um professor de dança”.

Carlos Rodriguez Moreno

(milongueiro e jornalista argentino)

 

Cantemos

(Tango - 1941)

Música:  Carlos Di Sarli                                                                               LetraFrancisco G. Jiménez

 

En los ojos llevaba la noche y el amor en la boca...

Carnaval en su coche la paseaba triunfal.

Serpentina de mágico vuelo fue su amor de una noche;

serpentina que luego arrastró mi dolor

enredada en las ruedas de un coche

cuando el corso en la sombra quedó...

Otra vez, Carnaval,

en tu noche me cita

la misma bonita y audaz mascarita...

Otra vez, Carnaval,

otra vez, como ayer,

sus locos amores le vuelvo a creer.

Y acaso la llore mañana otra vez...

Fugitivas se irán en la aurora

la ventura y la risa...

¡Tendrán todas mis horas una gris soledad!

En mis labios habrá la ceniza

de su nuevo desaire;

y despojos del sueño tan sólo serán,

un perfume rondando en el aire

y en el suelo un pequeño antifaz...

Orquesta Carlos Di Sarli - canta Jorge Durán

 

Assim se tece a história

 

Cantor, seu verdadeiro nome era Alfonso Jesús Durán, nascido em 19 de janeiro de 1924 na província argentina de San Juan. 

Após atuar numa emissora de sua província, viajou a Buenos Aires, onde participou nos conjuntos de Emilio Balcarce, Horacio Salgán, Carlos Di Sarli (em duas oportunidades), Francisco Rotundo e José Basso. 

Tinha uma personalidade boêmia, era muito mulherengo e era impossível contar os cigarros que fumava diariamente.

Em 1957, junto com o cantor Roberto Florio, formou um dueto com direção e arranjos de Orlando Trípodi.  Aí cantava como solista. 

Da época com Di Sarli ficou marcada sua versão de "Porteño y bailarín", "Nubes de humo", e com José Basso "En la vía", "Desorientado" e "A la luz del candil". 

Faleceu em 20 de agosto de 1989, devido a um enfisema pulmonar típico dos grandes fumantes, mas nunca se recusou a seguir cantando - o que fez até o final.

Fonte:  El Portal del Tango   - trad. RM