No 181 - Ano XV - Fevereiro de 2011


Vitor Costa e Margareth Kardosh - São Paulo/BR

 

 

O Tango cumpriu uma função transcendental durante o processo imigratório dos inícios do século XX, quando centenas de famílias procedentes de diversos países precisavam ter algo em comum, um código cultural de cumplicidades que lhes permitisse esquecer as diferenças e começar juntos um novo projeto de sociedade.

Nesse processo de elaborar as diferenças e transformar o diferente em algo homogêneo, “as letras dos tangos cumpriram uma função simbólica, expressaram e processaram os sonhos, as fantasias, os medos, as ansiedades, os mitos de origem e as esperanças de todo um povo.

(Carlos Mina – escritor argentino)

 

 

Cantemos

  (Tango)

Letra e música : Francisco Canaro

 

Yo soy como el ave, que canta y no llora

Como la calandria, igual que un zorzal...

 

Cuando canto, canto

Cuando río, río,

Cuando quiero, quiero

Con todo el corazón.

 

Yo soy como el ave, que canta y no llora,

Y busco un cariño, para mi pasión...

 

Por vos, yo me rompo todo, mi china...

Por vos, yo me juego entero, mi vida…

 

Por vos, yo seré doctor

Todo un gran señor, rico y distinguido...

Por vos, yo seré inventor

Sabio, triunfador, mago consabido...

 

Por vos, yo me rompo todo, mi china…

Porque... sos mi gran amor!

Orquesta Francisco Canaro canta Ernesto Famá.

(Gravado em 27-02-1939)

 

Assim se tece a história

 

Estribilhista, nasceu no bairro San Cristóbal (Capital Federal) em 18 de agosto de 1908.  Simultaneamente com sua educação primária, começou a fazer aulas de canto e atuação com o maestro Francisco Corbani.  Fez suas primeiras apresentações em praças e em eventos que a Prefeitura de Buenos Aires organizava.  Mais tarde começou a cantar como solista nas igrejas locais.  Ainda jovem, teve a oportunidade de substituir nada menos que Libertad Lamarque no Teatro Nacional.  A partir daí, seu nome começou a ser conhecido em todo meio artístico. 

Em 1928 ingressou na orquestra de Osvaldo Fresedo, com a qual realizou diversas gravações.  Nesse mesmo ano, a orquestra fez uma extensa turnê pela Europa.  De volta a Buenos Aires, apresentou-se com a Tipica Victor.  Em 1930 realizou várias gravações com o sexteto de Carlos Di Sarli, como solista.  Em 1932 Canaro o convocou para sua orquestra e gravaram então cerca de 600 temas, um recorde para a época.  Paralelamente a esse fértil trabalho em disco, figurou em várias comédias musicais, ganhando assim grande popularidade.  Algumas das obras em que atuou foram:  "La muchacha del centro", com quase 900 apresentações; "La canción de los barrios" e a comédia musical "Rascacielos", ambas de Canaro e Pelay; "Fuegos artificiales", dirigida por Ivo Pelay com música de Alberto Gambino. 

Em 1939 retomou sua carreira de estribilhista, alternando sua atuação nas orquestras de Canaro e Francisco Amor.  Em 1942 formou um duo com Francisco Amor, encabeçando a orquestra de Alfredo Scorticati nas apresentações que a mesma fazia na rádio Splendid.  No âmbito cinematográfico, participou dos filmes: "Idolos de radio", "El alma del bandoneón" e "Loco lindo".

Fonte:  El Portal del Tango (trad. RM)