No 193 - Ano XVI - Fevereiro de 2012


"Presentaciónl" - por Ana María León (ARG)

 

Cantemos

(Tango - 1948)

Musica:  Mariano Mores                                                                                                                   Letra:  Enrique S. Discépolo

De chiquilín te miraba de afuera

como a esas cosas que nunca se alcanzan...

La ñata contra el vidrio, en un azul de frío,

que sólo fue después viviendo igual al mío...

Como una escuela de todas las cosas,

ya de muchacho me diste entre asombros:

el cigarrillo, la fe en mis sueños y una esperanza de amor.

 

Cómo olvidarte en esta queja, cafetín de Buenos Aires,

si sos lo único en la vida que se pareció a mi vieja...

En tu mezcla milagrosa de sabihondos y suicidas,

yo aprendí filosofía... dados... timba...

y la poesía cruel de no pensar más en mí.

 

Me diste en oro un puñado de amigos,

que son los mismos que alientan mis horas:

(José, el de la quimera... Marcial, que aún cree y espera...

y el flaco Abel que se nos fue pero aún me guía....).

Sobre tus mesas que nunca preguntan

lloré una tarde el primer desengaño,

nací a las penas, bebí mis años y me entregué sin luchar.

Canta TANIA con orquesta de  Héctor Stamponi

 

Assim se tece a história

Cantora e atriz, Ana Luciano Divis, seu nome verdadeiro, nasceu em 13 de outubro de 1893.  Era o resumo do talento popular espanhol e da malícia portenha.  De sua terra trouxe a graça, que distribuía aos borbotões.  Seus anos em Buenos Aires e seu mundo boêmio lhe deram um olhar perspicaz e gozador.  Seu nome estará sempre ligado ao genial autor Discépolo, com quem viveu seus últimos 24 anos.

Mas Tania sempre teve vida própria.  Transbordava alegria quando cativou Discépolo no Folies Bergère da Calle Cerrito, em 1927, cantando "Esta noche me emborracho".  Vinham de mundos muito distantes.  Ele, na época, um tanto tímido, à sombra de seu irmão maior; ela, um chocalho ambulante. Tinha a sabedoria generosa de quem sabe muito mas não o demonstra.  Conhecia os revezes da vida, uma vida intensa, esfuziante de alegrias e mágoas, como quando morreu sua única filha, assunto no qual não tocava e seus amigos evitavam para não entristecê-la.

O seu tema recorrente era Discépolo; deleitava seus amigos com a graça de suas histórias e em especial seu relato de como iniciaram sua vida juntos.  Cantar para Tania era uma necessidade fisiológica.  E o fazia maravilhosamente, com uma afinação invejável.  Cantava com a voz, com os olhos, com seus gestos, com seus silêncios.  Sabia que o tango conta uma história e é preciso contá-la, não gritá-la.  Transmitia palavra por palavra, daí o fraseado tão particular que dosava com a experiência que somente o tempo ensina.  Faleceu em 17 de fevereiro de 1999.

Fonte:  Antonio R. Villar para Todo Tango (trad. RM).