No 191 - Ano XVI - Dezembro de 2011


 

 

Cantemos

 

(Tango - 1922)

Música:  Juan Carlos Cobián                                                                                                                      Letra:  Alberto Weisbach / Raúl Doblas

Pobre piba, entre dos copas, tus amores han logrado,

triste hazaña de un dopado que hoy, festeja el cabaret.

Ya no sufres, ya no sientes el champán mató tu almita

y, en tu pecho no palpita ni nostalgia ni tristeza por lo que fue.

 

Bebe ese olvido que te ofrecen, que acallará tu almita herida

y así podrás, embrutecida, amar, beber, reír...

Busca del vicio el triste ensueño, bebe el olvido en su veneno,

que si el beber hace olvidar, será esa tu mayor felicidad.

 

Sin embargo no sentías ansias de una vida nueva,

para tus viejitos eras toda su tranquilidad.

Un cariño te ha perdido y, en el vicio te ha extraviado,

y, hoy, lamentas un pasado que no tienes derecho de recordar.

 

Bebe ese olvido que te ofrecen, que acallará tu almita herida

y, así podrás, embrutecida, amar, beber, reír...

Busca del vicio el triste ensueño, torna la mueca en carcajada,

que aquí no debes de llorar, aquí debes reír, siempre reír.

Canta Vanina Tagini con orquesta - Buenos Aires 2007

 

Assim se tece a história

 

(1896-1953)

 

Aos dezoito anos, após seus estudos de piano em Bahia Blanca, invadiu Buenos Aires com muitas fantasias e pouco dinheiro no bolso.  Como alistar-se não estava em seus planos, resolveu desertar, foi perseguido e passou um tempo na clandestinidade, quando criou um pseudônimo para despistar os militares e continuou tocando.  Porém, aconselhado por um grande admirador e policial, entregou-se em 1922, e fez o serviço militar... aos 26 anos.   Pouco depois, conheceria seu poeta de cabeceira, Enrique Cadícamo.  Estrearam como dupla de compositores e não pararam até desfiar todo seu antológico rosário de canções eternas. 

O volátil amor por uma dama o levou em 1923 aos Estados Unidos, onde chegavam via Paris os vitoriosos ecos do tango.  Ainda vigorava a lei seca e Cobián, relutante de privar-se de sua dose diária de álcool,, chegou a fabricar vinho em sua própria casa.  Tocou em espetáculos de seu amigo Rodolfo Valentino e, entre 1923 e 1926 gravou nos Estados Unidos vários discos com diversos ritmos, além do tango.  Em 1937, depois de uma temporada em Buenos Aires, Rio e países da Europa, Cobián, já em vias de divórcio, convida Cadícamo a viver em Nova York.  Tempo depois, voltaram separados e como reis ao Buenos Aires tangueiro dos anos 40.  Lentamente se inicia o eclipse lunar de Cobián, ave de arraigados hábitos noturnos.  Pagando tributo aos seus destemperos, sua carreira, corpo e alma se vão desintegrando.  Suas mãos enormes, tão destras para abarcar enormes arpejos em seu piano, foram incapazes de reter as benesses econômicas de sua arte.  Gastava o que ganhava antes que chegasse ao seu bolso.  Um triste dia, seu maltratado fígado, afogado em álcool, disse basta.  Morre a 9 de dezembro de 1953 , aos 57 anos.  O pobre e talentoso rapaz vindo de Bahia Blanca tinha completado sua parábola portenha. Como saldo de seu talento ficaram Niebla del Riachuelo, Rubí, Los mareados, Los Dopados, Nostalgias, La casita de mis viejos, A pan y agua  e El motivo, entre tantos outras jóias melódicas que constituem a escalada de sua obra artística.

Fonte:  Tango Nuestro – trad. RM