No 175 - Ano XIV - Agosto de 2010


"Chamuyo", por Roberto Volta (ARG)

 

... E CHEGOU A LUZ...

Entre uma carga e outra, o movimento e, com ele, a luz. Entre um tango como El aristocrata de Cobián e Cadícamo e uma milonga como Entre copa y copa de D’Agostino e Marcó, surgem estrelas.

Entre um vals como Por pecadora de Diaz Velez e um candombe como Candela de Rodriguez e Piedrahita, surgem os cometas.

Entre um vanguarda como Lo que vendrá de Piazzolla e um nuevo como Ilusión de Wilensky, surge uma constelação.

Entre um eletro como Una llamada de Mazri e Velazquez e um doce como Vida mia dos irmãos Fresedo, as diferenças, assim como passado e presente, criam o futuro.

Aires troileanos e astorianos desenvolvem tanghetos de otros e de todos os aires, assim como todas as luzes e a contínua construção do fenômeno cultural que dá a luz aos salões.

A.D.R.

 

Cantemos

(Tango - 1943)

Música:  Carlos Di Sarli                                                                                   Letra:  José María Contursi

Por Hector Lopez

Verdemar... Verdemar...

Se llenaron de silencio tus pupilas.

Te perdí, Verdemar.

Tus manos amarillas, tus labios sin color

y el frío de la noche sobre tu corazón.

Faltas tú, ya no estás, se apagaron tus pupilas, Verdemar.

 

Te encontré sin pensarlo y alegré mis días,

olvidando la angustia de las horas mías.

Pero luego la vida se ensañó contigo

y en tus labios mis besos se morían de frío.

Y ahora... ¿qué rumbo tomaré?

Caminos sin aurora me pierden otra vez.

 

Volverás, Verdemar...

Es el alma que presiente tu retorno.

Llegarás, llegarás...

Por un camino blanco tu espíritu vendrá

Buscando mi cansancio y aquí me encontrarás.

Faltas tú... Ya no estás... se apagaron tus pupilas, Verdemar.

Orquestra de Domingo Federico, canta Mercedes Simone

 

 

Assim se tece a história

Cantora, letrista e compositora, nasceu numa cidade próxima a La Plata, capital da Província de Buenos Aires, em 21 de abril de 1904. Debutou na Capital  Federal no palco do café “El Nacional”.

Pertenceu à fecunda geração de cantoras surgidas nos meados dos anos ’20, um grupo inimitável que marcou o início da história da mulher no tango.  Quase à mesma época surgiram Azucena Maizani, Rosita Quiroga, Libertad Lamarque, Ada Falcón e outras, com timbres muito diferentes. De todas, Simone sobressaiu-se como a mais tangueira.  Com seu equilíbrio, seu registro de mezzo-soprano, seu ritmo lento e dicção perfeita, adquiriu as dimensões de um modelo.

Atuou no primeiro longa-metragem sonoro argentino, “Tango”, de 1933, onde interpreta o tema Cantando.  Compôs os tangos Oiga agente, Inocencia e Zapatos blancos, e são seus letra e música de Cantando, Incertidumbre e Tu llegada, entre outros.

Entre suas versões antológicas destacam-se Milonga sentimental de 1932; La última cita, de 1933; Esquinas porteñas de 1934; Será una noche e o vals Náufrago de 1936; Milonga triste de 1937; Abandono, Caricias e Vieja amiga de 1938; Claudinette de 1942; Barrio de tango e Garúa de 1943; Verdemar e Otra noche de 1944.

Simone foi acompanhada em suas gravações e apresentações radiofônicas, por integrantes da Orquesta Típica Victor, pelo Trio Típico de Sebastián Piana e também pelas orquestras de Francisco Lomuto e Adolfo Carabelli.  Veio a falecer em 2 de outubro de 1990.

Fonte:  Julio Nudler/Todo Tango e Portal del Tango (trad. RM)