No 163 - Ano XIII - Agosto de 2009


 

Juliana Maggioli (ARG) e Ronaldo Bolaño (BRA)

...“Somos um povo triste”. A frase do motorista de táxis, aparentando 65 anos, contrastou com o cenário deslumbrante do centro de Buenos Aires no início da noite, com seus luminosos brilhando como se fosse Las Vegas ou Times Square, com o Obelisco totalmente iluminado, ao fundo, no centro da Avenida 9 de Julho. “Mas a cidade é linda e o tango tem obras primas”, repliquei. “O tango é bonito, mas é triste”, respondeu com o mesmo tom de antes, de resignação...

...Para se entender a música e a dança de um povo tem-se que passar os olhos por sua história, captar a essência de sua alma. O tango é dramático, passional, misterioso, lendário, porque a Argentina carrega isso tudo com intensidade. O inusitado cemitério de navios cinzentos e enferrujados atracados na frente de La Boca com seu El Caminito e suas casas multicores, onde nasceu o tango argentino, tem algo de simbólico, evocando fantasmas e o passado. Ali é um porto onde o tempo parou para sempre. O som do bandoneon que chega da esquina combina com o cenário, é bonito... Mas realmente é também triste. O taxista tinha razão.”

 Milton Saldanha – Editor Jornal Dance (SP) – trechos de um editorial

 

Cantemos

(Milonga)

Letra:   Horacio Sanguinetti                                                                     Música:  Juan José Guichandut

Mirando fotografías, reliquias de mi pasado,

ayer quedé emocionado, frente a una vieja postal.

El "Pabellón de Las Rosas", en una tarde de gloria,

paseando en una victoria, yo con mi dulce mitad.

 

Ella de larga pollera, sombrero de alto plumón

y yo de negro a galera, de cuello duro y bastón.

Como han cambiado esa estampa, los años con su rodar,

hoy mi cabeza está blanca, no está mi dulce mitad.

 

Parece que tienen alma, las viejas fotografías,

mirándolas surgen días, y voces de su papel.

En éstas fotos reviven, mi juventud, mis amores,

Palermo lleno de flores, y el Buenos Aires de ayer.

Orquesta Florindo Sassone - canta Rodolfo Galé

 

Assim se tece a história

 

Músico, pianista e compositor, Juan José Martín Guichandut nasceu no bairro de Barracas, em Buenos Aires, a 11 de novembro de 1909 e ali faleceu em 17 de outubro de 1979. 

Na adolescência começou a fazer música e sua vida artística foi ocupada integralmente pela composição, salvo alguma rara atuação, mais familiar do que profissional.

Começou em 1927 com Perfume de mujer, que obteve segundo lugar num concurso de tango dos discos Nacional, obra que lhe possibilitou travar conhecimento com Carlos Gardel, que gravou para ele os dois grandes sucessos chamados Marinonetas e Misa de once; as três com letras de Armando Tagini e aquelas que, sem dúvida, mais satisfação lhe trouxeram.

Continuou expondo suas maiores virtudes nos tangos Mamarracho, Así era el Tango, Tarareando, Canta Pajarito, ¡Goles, Goles!, Quereres, Percantina, Baila, Arando, Matrera, Escuela, Cinco ltras, El cchorro, Tango de antaño, ¡Vamos corazón!, Mi distinguida pebeta, Yo, por ellas no me casé, Llueve otra vez, Domingo a la noche, La limosna, Sencillo y compadre, Mi gitana; nos pasodobles Magdalena, Ventanera, Magnolia triste; nos valses Deshojando margaritas, Palabra, Paloma; e nas milongas Digo...Digo, Vieja Postal e muitos mais que contaram com a colaboração de Carlos Bahr, Héctor Gagliardi, Tagini, Fresedo, Sanguinetti, Cadícamo e outros.

Fonte:  Todo Tango (trad. RM)

 voltar ao início