No 112 - Ano IX - Abril de 2005


“Una cortada en Buenos Aires”, por Patricia Milhazes (1º lugar no Concurso Tango Fotografia)

Nós que, submersos no mundo do Tango, compartilhamos de um código, podemos nos referir a coisas que só nós entendemos.  Quem, daqueles que não dançam Tango, pode saber o que é O ABRAÇO?  Quem poderia entender essa relação apaixonada e profunda, silenciosa, emotiva, na qual se dividem sentimentos secretos, e que dura apenas alguns minutos?

Para todos...

... aqueles que se emocionam irremediavelmente ao ouvir o som de um bandoneon.

... aqueles que não podem evitar o suspiro ao ouvirem os acordes de Pugliese rasgando o ar.

...  aqueles que conhecem o ritual do olhar, a missa profana da pista e o amor resignado de cada encontro e despedida.

Para eles e elas.  Para todos nós, O ABRAÇO.

(Jorge Juanatey, de Zapatos de Tango – Trad. e adapt. RM

 

Cantemos

(tango)

Música :  Augusto P. Berto                                                                       Letra:  Jesús Fernández Blanco

 

Assim se tece a história

Bandoneonista, compositor e maestro.  Nasceu na cidade de Bahía Blanca, em 4 de fevereiro de 1889.  Aos cinco anos radicou-se com sua família em Buenos Aires.  Aprendeu sozinho a tocar o bandolim e o violão e mais tarde estudou violino.  Em 1905 iniciou-se no aprendizado do bandoneón, pelo qual se entusiasmou ao ouvir os primeiro executantes do instrumento.  Com o tempo, tornou-se autodidata e criou o método que logo seria adotado por tantos músicos. 

Começa como profissional em 1906, e é desta época seu primeiro tango La payanca, nascido de um improviso.  Atua em casas noturnas de Montserrat, San Telmo e La Boca, e aos poucos aproxima-se do centro.  Em 1913 debuta em disco, já dirigindo um quinteto, e a partir daí forma diferentes grupos.  Em 1924 torna-se maestro da orquestra do Teatro Opera.  Em 1926, empreende uma extensa turnê com uma companhia teatral pela América Central, Cuba, México, América do Norte e Espanha.  Sem dúvida, as peças mais importantes de sua autoria são La Payanca, Don Esteban e Donde estás corazón.  Há ainda os tangos Azucena, De la vida milonguera, Don Adolfo, El periodista, El séptimo, Fray Mocho, La biblioteca, La telefonista, Papá en puerta, Perjura, Presidio, Recóndita, Que bronca, Que dique; os valses Pena de amor, Corazón de madre, Dulce quietud e A merced de las olas.  Falece em 29 de abril de 1953.  Figura patriarcal do tango, bandoneonista destacado do período em que o bandoneón passou a ser o instrumento mais representativo dos conjuntos dedicados à execução do gênero típico.  Sua contribuição à introdução do tango nos distintos ambientes e estratos sociais foi valiosa e decisiva.

Fonte:  Oscar Zucchi  para “Todo Tango” – Trad.  RM.