Nº 64 - Ano VI - Abril de 2001


Claudia Salamonesco (Paris)

     

            O que é o Genoma Tango?

            O genoma propriamente dito começou em 1990, com o financiamento de 3 bilhões de dólares e o envolvimento de centros de pesquisa de dezoito países.  A tarefa era identificar os genes que existem no organismo humano.  Eles compõem o genoma e estão reunidos em 23 cromossomos.

            "Formados a partir de seqüências de 2 x 4, os compassos têm participação fundamental na vida milongueira.  Em uma analogia freqüente, se o genoma "gotan" fosse um livro, as notas seriam capítulos, os compassos seriam as frases e as seqüências dos sons, as sílabas que gerariam as figuras que desenhamos no salão.

            Os compassos influenciam no estilo, nas características, na propensão ao vício e até no nível da dança."

        - Nós somos o genoma do tango no Brasil!

(Américo Del Rio)

 

 

Cantemos...

ÊTA, MANGUAÇA... 

(Tango)

Letra:  Hector Marcó                                                                                                   Música:  Carlos Di Sarli

 

Yo sé que llorás por ella, que estás enfermo de amor

y que no encontrás el beso ni tan puro,

ni tan dulce como el que ella te dió;

yo sé que te estás matando como un gil el corazón...

Lo sé porque lo he vivido

y, clavao en carne propia, llevo tu mismo dolor.

 

Flojo!  Pa' qué andas penando?

Flojo!  Cantála y vivi!

Dále, que el mundo es un carro

tirao por los sonsos que quieren así!1

 

Vamos!  No ves que ella ríe?

No es de este siglo llorar!

Dále, mandate otro whisky,

total la guadaña nos va a hacer sonar!

 

Yo sé que del cuarto tuyo vos arrancarla querés,

pero en cada rinconcito flota algún recuerdo suyo

y entra en tu alma otra vez...

Lo sé porque de esos males yo también sufro con vos,

pero es mejor que los calle,

porque en vez de consolarnos vamos a llorar los dos...

 

Assim se tece a história

 

Nasceu na cidade de Bahía Blanca (província de Buenos Aires), a 7 de janeiro de 1903.  Aos quinze anos compôs seu primeiro tango, Meditación, com letra de José De Grandis, editado em 1928, quase dez anos depois.  Neste mesmo ano fez sua primeira gravação, integrando a Típica Victor, registrando os tangos TBC e La guitarrita. 

Pela Victor gravou em torno de duzentos discos.  Também gravou para a Music Hall e Phillips.  Atuou em várias emissoras de rádio, a partir da LR10, Radio Cultura, já desaparecida.  Compôs muitos tangos, mas um dos mais populares foi No me pregunten por qué (con letra de Reynaldo Pignataro).  Mesmo tendo iniciado a carreira em 1926, somente na década de 40 conseguiu seu apogeu. 

Di Sarli sempre aparecia em público com óculos escuros - para esconder um ferimento nos olhos decorrente de uma fracassada tentativa de suicídio.  Em 1958, cuanto contava com as vozes de Roberto Florio e Jorge Durán, popularizou o tango De qué podemos hablar.  Di Sarli assinou, entre outros, os seguintes tangos:  Así era mi novia, Milonguero viejo, Corazón, Bahía blanca, Bien Frappé, Nido gaucho, Cuatro vidas, Negando el perdón, En un beso la vida, Verdemar, Porteño y bailarín, etc. Faleceu na localidade bonairense de Olivos, a 12 de janeiro de 1960.  Um vespertiino portenho expressou na oportunidade: “Carlos Di Sarli, outra voz da cidade e do tango, emudeceu.  O palco de seus grandes êxitos foi a cidade inteira, porque o tango teve nele um de seus maiores entusiastas e responsáveis cultores.”

(Diccionario del Tango – Constantino Sobrino – trad. RM)